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Mundiais de Budapest 2023 - Dia a dia

Mundiais de Budapest 2023 - Dia a dia

Agosto 24, 2023 / 1918

Mundiais de Budapest 2023 - Dia a dia

Caros atletas e/ou fãs de atletismo

Prontos para mais uma edição dos mundiais de atletismo ? Vamos lá!!

Com cerca de 2000 atletas presentes na capital húngara, espera-se mais uma edição repleta de grandes marcas, emoção, dramas e records do mundo (esperemos nós) ao longo dos 8 dias da competição. Favoritos, outsiders, surpresas inesperadas, existe sempre um pouco de tudo num evento que tem os melhores atletas do mundo. 
Sabemos que não vamos poder contar com o nosso Pedro Pichardo, ausente de último hora devido a uma lombalgia, e também Patricia Mamona. Tambem a super-campeã Sydney McLaughlin-Levrone também falha os mundiais por lesão. No entanto, há muitos atletas com capacidade para discutir as medalhas e é a capacidade de superação dos participantes que esperamos neste evento. Boa sorte a todos.

Dia 1 (19/08/23)

Final 20 km marcha (M) 

As duas horas de atraso em relação ao previsto devido a forte chuva que se abateu sobre a cidade de Budapeste não impediu um arranque fortíssimo das atletas da frente. Neste grupo, o japonês Koki Ikeda rapidamente alcançou algum avanço, apesar de ter recebido um aviso da organização por marcha ilegal ao fim de 10 minutos de prova. A meio da prova, o nipónico continuava bastante confortável na frente, com cerca de 15 segundos de vantagem. Mas a concorrência não desistiu, o japonês perdeu gás e aos 15 km, e de uma forma supersónica, o espanhol Alvaro Martin passou pelo japonês. Com uma quebra abrupta, um km depois, Ikeda estava em quinto lugar. Martin seguiu imparável nos últimos 4 km e passou a meta em primeiro, mas somente com 7 segundos de avanço sobre o sueco Perseus Kalstrom. O brasileiro Caio Bonfim completou o pódio. Alvaro Martin já tinha sido campeão europeu em 2018 e 2022, na mesma distância. 
O nosso Joao Vieira, veterano de 47 anos, acabou em 33º, na sua 13º presença em mundiais de atletismo. Parabens !
Por fim, uma curiosidade : havia um grupo de fãs junto ás barreiras a apoiar o atleta italiano Andrea Cosi (que acabou em 30º) com um grande cartaz a dizer “YOU’LL NEVER WALK ALONE // FLORENCE IS WITH YOU”. Uma frase engraçada e obviamente apropriada !!

Final do peso (M)

Era difícil não dar o favoritismo a um dos melhores atletas da historia da modalidade, e por que não dizê-lo, da historia do atletismo. Com um currículo estratosférico, Ryan Crouser imediatamente colocou a concorrência em sentido, com 22,63. A segunda, puxou a fasquia mais perto dos 23 metros. Revelou-se inalcançável. Nem os seu habituais adversários Joe Kovacs e Tom Walsh conseguiram responder. E que m não se lembra da mais incrível final do que há memória, em Doha 2019, quando Kovacs venceu com 22,91 e Crouser e Walsh fizeram.. 22,90 !! Para a história. Com Crouser de outro mundo, aconteceu no entanto uma grande surpresa, quando o jovem italiano Leonardo Fabbri lançou 22,34 no segundo ensaio e acabou por vencer a prata. Kovacs ficaria com o bronze com 22,12.
Mas o melhor estava guardado para o fim. E quantas vezes vimos um atleta, já com o titulo conquistado, falhar completamente e compreensivelmente, por já ter passado a adrenalina toda ? Pois Ryan Crouser não. Como se fosse fácil, acabou com o segundo melhor lançamento da história, com uns incríveis 23,51 !! A somente 5 centímetros do record do mundo, que por sinal, é dele, e que conseguiu esta temporada. Na história, a marca dos 23 metros foi alcançada 13 vezes, 9 delas do próprio Crouser. Sintomático.

Final 10000m (F)

Uma das finais mais esperadas do evento. E a base era a do costume : a armada queniana e etíope contra… Sifan Hassan !! Com um inicio de prova muito lento (eu acho que nunca tinha visto uns primeiros quilómetros tão lentos que mais parecia um treino…), o interesse só começou a surgir a cerca de 2 km da meta, e com um grupo inesperadamente numeroso (13 atletas). Hassan, como é habitual sempre no fim do “pelotão”, controlava as operações. Ao ouvir a campainha para a última volta, a holandesa acelerou, bem ao seu estilo, até passar para a frente, e parecia embalada, ao entrar na última curva. Um grande esticão, a que só a etíope Gudaf Tsegay conseguiu responder. Um mano a mano frenético na última recta, chegaram ao contacto porque estavam muito próximas, e aconteceu o primeiro drama destes mundiais : Hassan desequilibrou-se e caiu desemparada, deixando o titulo para Tsegay. Numa grande prova de desportivismo, Hassan levantou-se e com um sorriso, abraçou as suas adversárias no final da prova. A etiópia completaria o pódio com o segundo lugar para Gidey e o terceiro para Taye.    

Final 4x400 (misto)

Ainda não estamos bem habituados ás estafetas mistas, mas desta vez houve melhorias : não vimos “voltas mistas” (homens a competir com mulheres na mesma volta). Tudo se decidiu na ultima volta, entre os Estados Unidos e a Holanda. A fabulosa atleta Femke Bol era a favorita no último percurso, acelerou, mas a norte americana Alexis Holmes nunca a deixou fugir do seu alcance. Na recta final, um grande duelo, e perante a pressão da americana, Bol caiu perto da meta e deixou fugir, não só a possibilidade de vencer o titulo mas também uma medalha, porque o testemunho caiu na queda, e a Holanda foi desclassificada. Reino Unido e República Checa ganharam as outras medalhas. O olhar de desespero da sprinter neerlandesa dizia tudo. Mas há mais batalhas pela frente.
Duas situações praticamente idênticas nas ultimas duas finais do dia e … para o mesmo pais. O desporto tem destas coisas.

Dia 2 (20/08/23)

20 km marcha (F)

Depois da chuva forte no dia anterior, a vertente feminina foi disputada sob um calor abrasador, para alem da habitual e muito incomoda humidade. Não impediu um arranque fortíssimo de um grupo que viria rapidamente a tomar conta da prova, mesmo com um grande necessidade de recorrer aos abastecimentos. Neste grupo se destacava a actual dupla campeã do mundo Kimberly Garcia-Leon, do Perú, que conseguiu a proeza de vencer os 20 km e os 35 km em Eugene, o ano passado. Rapidamente se percebeu que as medalhas se disputariam entre as atletas deste grupo, porque a distancia sobre o segundo grupo era significativa. A multi-medalhada Antonella Palmisano, de Italia (detentora do titulo olímpico da distância), seguia no grupo, teve uma queda, mas recompôs-se e conseguiu recuperar o ritmo. Quando faltavam 5 km para a meta a espanhola Maria Perez, antiga campeã europeia, acelerou e fugiu para a vitória. Jemima Montag, da Austrália, não conseguiu recuperar, mas conseguiu o segundo lugar, seguido da já falada Palmisano. Garcia-Leon acabaria em quarta, a apenas 6 segundos da medalha.
Notas finais para o brilhante nono lugar da nossa Ana Cabecinha, com 39 anos, que fez uma prova muito segura, no segundo grupo e conseguiu assim o apuramento para os jogos olímpicos do próximo ano, em Paris. Belíssima prova também de Vitória Oliveira (três vezes campeã nacional), que acabou em 23º, num prova que teve 48 participantes a partida.

Final salto em comprimento (F)

Excelente final que viu finalmente a consagração da atleta Sérvia Ivana Vuleta (mais conhecida com nome de solteira, Spanovic). Da sua qualidade ninguém duvidava, mas nunca tinha conseguido um titulo mundial ou olimpico. Aconteceu aos 33 anos e a perseverança acabou por dar os seus frutos, e fez por merecer a medalha de ouro. Depois de um primeiro salto nulo, passou a sempre difícil “fasquia” dos 7 metros, com 7,05 e colocou as finalistas em sentido. Viria ainda a conseguir o seu record pessoal ao ar livre, com 7,14. Absolutamente justo. Quem surpreendeu foi a simpática atleta americana Tara Davis (que tinha dado nas vistas nos jogos de Tóquio com um brilhante sexto lugar) ao alcançar uma excelente marca perto dos 7 metros, com 6,91, o que lhe valeu a prata. Ainda havia três atletas ainda a lutar pelo bronze : a mais cotada Esse Brume da Nigéria, que ainda estava na frente, Larissa Iapichino de Italia (filha da antiga campeã Fiona May) e Fátima Diame da Espanha. Mas no último salto, a romena Alina Rotaru-Kottman fez 6,88 e explodiu de alegria com a conquista do último lugar do pódio.

Final lançamento do martelo (M)

Até agora a grande surpresa do inicio dos mundiais. Com atletas notáveis como o penta campeão do mundo Pavel Fajdek, da Polonia, e o seu compatriota Wojciech Nowicki, assim como o prodígio ucraniano Mykhaylo Kokhan e o homem da casa Bence Halasz, nada fazia prever que o título iria ser entregue a outro atleta. Mas o desporto é fértil em surpresas. Na sua primeira participação em grande competições internacionais, Ethan Katzberg esteve soberbo. Parecendo ter chegado directamente dos anos 80, com o seu visual “vintage”, o jovem canadiano de apenas 21 anos deixou toda a gente incrédulos, a começar pelos seus concorrentes finalistas. E de certa forma, bem tinha avisado, com a melhor marca da qualificação, com uns excelentes 81,18, que se tornou um novo record nacional. Mas ele não parou na qualificação : na final só teve um lançamento nulo e a marca mais baixa foi de 79,82. Acabaria com um novo record nacional com 81,25. Brilhante. De certeza um atleta a seguir no próximo ano em Paris.
Nowicki acabaria com a prata (81,02), Halasz com o bronze (80.82), deixando Fajdek fora das medalhas.

Final do Heptatlon

No desporto de alta competição existem muitas historias de superação. Uma delas é da britânica Katarina Johnson-Thompson. Campeã do mundo em 2019 em Doha, a carreira da talentosa atleta podia ter acabado pouco depois. Uma ruptura do tendão de Aquiles iniciou o calvário da britânica, que passou por um longo período de recuperação. Quatros anos depois, volta a conquistar o titulo mundial.

Sem a presença da actual campeã do mundo Thiam, a americana Anna Hall começou o primeiro dia como favorita. No entanto, com a excelente prova dos 200m, a britânica colocou-se em segundo na sessão matinal e no dardo, uma prova onde é mais fraca, conseguiu a sua melhor marca da sua carreira (46,14), fez inesperadamente mais pontos que Hall e passou para a liderança da tabela.

Portanto tudo se decidiu na última prova, os 800 metros. A americana Anna Hall deu tudo o que tinha e atacou logo no arranque, para tentar manter uma hipótese de chegar ao titulo. Mas a britânica KJT, como é mais conhecida, soube muito bem controlar a prova, por forma a conquistar o numero de pontos suficientes para se manter na frente na classificação final. Hall tinha que vencer os 800 metros com mais de 2 segundos e meio de avanço que KJT, mas não conseguiu. Hall, de apenas 22 anos, e depois do bronze de Eugene e agora da prata de Budapeste, tem tudo para ser leader do ranking nos próximos anos.

Anouk Vetter, da Holanda, ainda tinha chances na última prova, mas não sendo especialista dos 800 m, acabou por ganhar a medalha de bronze. 

Final 10000m (M)

No atletismo há atletas especiais. Joshua Chepteguei é um atleta especial. O fenomenal corredor ugandês esteve ao nível de um Mo Farrah ou de uma Sifan Hassan, para citar só estes dois. Num aspecto podemos compara-los : normalmente faziam as provas “sozinhos”, contra as duas equipas mais cotadas, com vários atletas da Etiópia e do Quénia. E foi precisamente o que aconteceu hoje. A partir de uma certa altura era ele contra (quase) todos. Mas nunca se incomodou com a situação. Já está habituado. Quando tomou conta da corrida, foi para disparar até a meta. Mais uma grande demonstração de categoria e capacidade. Aproveitou para fazer a sua melhor marca do ano, na altura em que era mais preciso. Parecia simples. Tornou-se triplo-campeão do mundo da distância de uma forma consecutiva (Doha, Eugene e Budapeste hoje). 
Para as contas finais das medalhas, o queniano Ebenyo passou na meta o etíope Barega.

Final 100m (M)

A final sempre mais esperada, por tradição. Enquanto ainda tentamos recuperar da era Bolt, continuamos a seguir a prova de velocidade mais popular. Mas a surpresa começou nas meias finais com a eliminação do actual campeão do mundo Fred Kerley. O americano não conseguiu melhor que um terceiro lugar e o tempo conseguido não deu para ser repescado. Notou-se a frustração do sprinter, quando saiu da pista sem seguir as ordens da organização. Voltaria mais tarde, com a cabeça mais fria, provavelmente. Ele que tem uma experiencia de infância dura (dormia numa palete num quarto,  sendo um de 13 crianças. Com o seu pai na prisão e uma mãe incapacitada de tomar conta deles, ele e mais quatro crianças foram adoptadas por uma tia chamada Virginia. Kerley tinha dois anos. Sem ela não estaria aqui hoje, diz ele. A sua motivação vem deste tempo. E a sua própria personalidade também, pouco falador, parecendo distante por vezes). Estará de regresso nos jogos de Tokyo, seguramente.

Varios atletas candidatos ao lugar mais alto do pódio, a começar pelo leader do ano, o britânico Zharnel Hugues, e os americanos Noah Lyles e Christian Coleman. Oblique Seville, da Jamaica e Letsile Tebogo, do Botswana, impressionaram nas qualificações. Lyles, especialista dos 200m, acabaria por conquistar o seu primeiro titulo mundial nos 100m, com a melhor marca mundial do ano e o seu melhor registo (9,83). Tebogo foi fortíssimo na final, venceu a prata com 9,88 (record nacional), a mesma marca que Hughes e Seville. No entanto o jamaicano ficou fora das medalhas mas promete muito para os próximos anos. Coleman voltou a não corresponder numa final, com o quinto lugar (depois do sexto lugar do ano passado)

Dia 3 (21/08/23)

Final triplo-salto (M)

O jovem jamaicano Jayson Hibbert, ainda um júnior, impressionou nas qualificações com uns expressivos 17,70 no primeiro salto. Candidatou-se desde já ao ouro, mas sabemos que por vezes, a final tem um sentido diferente. E o azar bateu-lhe a porta, com uma lesão muscular no seu primeiro salto. Tem muito para dar e vamos voltar a vê-lo com toda a certeza.
Mas ontem era dia do experiente Hugues Fabrice Zango. Muito confiante desde o inicio, esteve muito regular, até chegar a marca que lhe deu o titulo:  17,64 (depois do bronze em Doha e da prata o ano passado em Eugene). Só a dupla cubana Lázaro Martinez (17,41) e Cristian Nápoles (17,40, a sua marca pessoal) podia intrometer-se mas o atleta do Burkina-Faso foi um justo vencedor.
Sem Pichardo, o representante português foi Tiago Pereira, que com a sua melhor marca do ano, 16,77, conseguiu chegar a final. Mas não conseguiu superar-se e fez uma prova abaixo das suas expectativas. No entanto, parabéns para mais uma presença numa final de uma grande competição internacional. 

Final disco (M)

Muitos candidatos para uma final que prometia muito. Talvez o favoritismo recaia sobre o gigante Kristjan Ceh, o “super-homem” (alcunha dada quando usava uns óculos que fazia lembrar Clark Kent) mas havia muitos na luta. Uma excelente final, sempre a crescer como se espera sempre, e com um final épico. O sueco Daniel Stahl, com um inicio modesto, foi crescendo, e ao quarto lançamento, passou para  a frente de Ceh por 10 cm, com 69,37. Mas no ultimo lançamento o esloveno passou os 70 metros e tudo levava a crer que tinha conquistado o titulo. A resposta do sueco foi estrondosa, com uma marca de 71,46 no ultimo suspiro da final. Portanto 1,44 metros mais longe do que Ceh. Que final !!
O prodígio lituano Mykolas Alekna, de apenas 20 anos e já com experiencia nestas andanças, venceu o bronze com 68,85. Nota final para o australiano Matthew Deny, record nacional com a excelente marca de 68,24.

Final 110m barreiras (M)

Actual campeão do mundo, Grant Holloway era o grande favorito e tornou-se ainda mais depois da demonstração de força na meia final. Acabaria por não dar hipóteses na final. Muito rápido no arranque, técnica perfeita nas barreiras e velocidade tremenda: 12,96 e melhor marca do ano. Titulo mais do que bem entregue. Agora o objectivo é o titulo olímpico em Paris, título que lhe fugiu em Toquio quando o jamaicano Hansle Parchment (ontem segundo com 13,07, também o seu melhor do ano) causou sensação ao derrotar o (quase) imparável americano. O norte americano Daniel Roberts venceria o bronze com 13,09. 

Final 100m (F)

Uma final com 9 atletas porque nos melhores tempos, Dina Asher-Smith e Ewa Swoboda fizeram o mesmo registo. Com o recente domínio na velocidade, a jamaicana Shericka Jackson era favorita a frente da camponíssima Shelly-Ann Fraser-Pryce. Mas na pista 9, uma sprinter tinha outros planos. Sha’Carri Richardson, terceira na meia final com um tempo que lhe permitiu chegar a final (10,84) demonstrou todo o talento que lhe é reconhecido. Foi fabulosa. Estava incrédula depois de passar a meta. Quando todos os olhos estavam postos nas jamaicanas, a baixinha de 23 anos foi supersónica e chegou ao topo do mundo. Que reviravolta na sua vida. Criada pela sua avó e uma tia (a sua mãe biológica “desistiu” dela), deu nas vistas em 2019 tornando-se uma das jovens mais rápidas de sempre (10,75 ao 19 anos). Qualificou-se para os jogos de Toquio mas um controlo positivo (cannabis) não a deixou viajar para o Japão. Disse que consumiu devido a morte da mãe, que não conhecia. Seguiu um programa e voltaria mais forte. No entanto não esteve presente nos mundiais de Eugene o ano passado. Infância difícil semelhante a de Fred Kerley, hoje é campeã do mundo dos 100 metros. Superação e acreditar que é possível. O melhor do desporto.

Dia 4 (22/08/23)

Final salto em altura (M)

Esperava-se uma final muito equilibrada, com a presença do atleta mais cotado, Mutaz Barshim, e do seu amigo italiano Gianmarco Tamberi (quem não se lembra da “partilha” de medalhas de ouro nos últimos jogos olímpicos?). Com surpresa e provavelmente com confiança a mais, Barshim falhou a 2,25. Tamberi também. Mas aos poucos, foram ganhando ritmo. O jovem americano Juvaughn Harrison, o tal que, de uma forma muito pouco comum, costuma participar também no salto em comprimento, estava muito bem no concurso e pronto para agarrar uma medalha. Quando a fasquia passou para 2,36, o supercampeão do Catar não conseguiu passar e deixou a luta pelo ouro entre Tamberi e Harrison. A diferença fez-se no primeiro salto, que o italiano transpôs a primeira, enquanto Harrison passou a segunda. 
Nenhum dos dois foi mais alem, e o titulo mundial foi para o sempre simpático atleta transalpino. Diz o ditado, “filho de peixe sabe nadar” : Gianmarco é treinado pelo seu pai Marco, que chegou a ser detentor do record italiano indoor em 1983 (2,28). Desta vez, não foi preciso dividir o ouro com ninguém.

Final disco (F)

Há momentos que se podem tornar injustos mas o desporto é mesmo assim. Quem é mais regular não ganha sempre. Em várias modalidades do atletismo, basta um lançamento/salto certo para vencer um título. A elegantíssima ex-dançarina Valarie Allman, actual campeã olímpica, fez uma prova quase perfeita. Merecia o titulo sem qualquer dúvida. Mas num grande golpe de teatro, uma outsider fez o “impossível” : Laulaula Tausaga, natural do Havai, no quinto lançamento, fez uns enormes 69,49 e venceu o jackpot. Passou de 12º e ultima na final de Eugene o ano passado, para campeã do mundo este ano.
O rosto de Allman não conseguiu esconder a desilusão. O ano passado aconteceu-lhe quase o mesmo, quando Feng Bin passou para a frente da final no ultimo lançamento.
A chinesa ficou com o bronze e a croata Sandra Perkovic (dupla campeã olímpica de forma consecutiva, 2012+2016) ficou-se pelo quinto lugar.
A nossa Liliana Cá fez 63,59, o que lhe permitiu fazer mais três lançamentos mas nao melhorou. Um bom registo sem dúvida.

Final 1500m (F)

Depois de algumas dificuldades de Sifan Hassan nas qualificações, voltou ao seu normal nas meias finais e ficou de novo junto das favoritas ás medalhas. E depois do “trauma” da final dos 10000m e da sua queda, tudo é possível. Mas a concorrência continua fortíssima, a começar por Faith Kipyegon, em grande forma. A queniana tem tido um ano excelente. Esta temporada bateu 3 records do mundo : dos 1500m em Florença, da milha no Mónaco e dos 5000m em Paris. Em Budapeste arrasou por completo : dominou do principio ao fim. Impos sempre o ritmo desde o inicio, mudou de velocidade na altura certa e venceu o seu terceiro título mundial da distância. Brutal. Ela que até chega a treinar com o compatriota Eliud Kipchoge, porque tem o mesmo treinador que o maratonista. 
Sifan Hassan fez uma habitual corrida de trás para a frente, e acabaria medalhada, no terceiro lugar, atrás da etíope Diribe Welteji. A britânica Laura Muir ficou em sexto.

Final 3000m obstáculos (M)

Lamecha Girma, da Etiopia, detentor do record do mundo, voltava a tentar quebrar o enguiço (prata em 2019 e 2022, e nos jogos de Toquio) e da sua nação também porque nenhum etíope alguma vez ganhou o titulo mundial na distância. Para além da armada queniana, o principal rival era de novo o marroquino Soufiane El Bakkali, detentor do titulo e com a segunda melhor marca do ano, atrás do próprio Girma. 
E o atleta etíope bem fez pela vida. De facto fez tudo para tentar conquistar o ouro. Na maior parte do tempo na frente da corrida, impôs sempre um ritmo forte. Na fase decisiva, os quenianos não aguentaram e o único que esteve junto era o gigante de Marrocos. Girma não conseguiu distanciar-se e o contra ataque de El Bakkali foi fenomenal. Mais uma vez. Depois do titulo olímpico em Tóquio e o titulo mundial em Eugene 2022. O grande dominador da distância nos momentos mais importantes. A marca dos grandes.

Dia 5 (23/08/23)

Final salto a vara (F)

Com 4 das 6 melhores marcas do ano, a antiga ginasta Katie Moon (mais conhecida com nome de solteira Nageotte) era a favorita. A actual campeã do mundo e campeã olímpica, estava num excelente momento. Quem daria a luta a norte-americana ? A compatriota Sandi Morris, longe da forma que a notabilizou, não passou alem dos 4,65 e a multi-medalhada saltadora grega Katerina Stefanidi não marcou presença na final por causa de uma lesão na qualificação. No entanto, a veterana eslovena Tina Sutej, de 34 anos, voltou a dar nas vistas como no ano passado, nos mundiais de pista coberta em Belgrado (onde ganhou o bronze). Tambem a jovem finlandesa Wilma Murto, campeã da europa no ano passado em Munich, demonstrou todo o seu potencial, com um concurso limpo até passar 4,80 (que acabou por lhe valer o bronze)
Mas quem deu mais nas vistas foi a australiana Nina Kennedy. Medalha de bronze o ano passado em Eugene, foi a única a continuar na luta pelo titulo, ao passar 4,85 tal como Moon. Num final frenético, e na ultima tentativa, chega aos 4,90, imediatamente respondido pela norte americana, também no último salto. Com as atletas já exaustas, nada mudou na tentativa de passar 4,95. Empatadas e numa situação idêntica ao do salto em altura masculino nos jogos olímpicos de Tóquio (com Tamberi e Barshim), Moon e Kennedy partilharam a medalha de ouro. Belo final.

Final 1500m (M)

Olhos virados para o super-atleta Jakob Ingebrigtsen. Mais do que favorito, faltava saber quem iria conquistar as outros duas medalhas. Mas como o desporto é fértil em surpresas, de novo um britânico voltou a ser um desmancha prazeres para o norueguês. Josh Kerr, tal como Jake Wightman o ano passado em Eugene, perante o espanto de todos, não deixou Ingebrigtsen passar-lhe a frente na recta final. Grande prova do escocês. Quem diria que a história voltaria a repetir-se ? O semblante carregado do norueguês dizia tudo, ele que demonstrou alguma arrogância na meia-final.
A Noruega viria a fazer a dobradinha, mas não da forma que se esperava : Narve Nordás, treinado pelo pai de Jakob Ingebritsen, com um grande final, venceu o bronze.
O nosso Isaac Nader, sobrinho do antigo jogador de futebol Hassan (marroquino que jogou no Farense e no Benfica), que se tinha qualificado de forma brilhante nas duas rondas anteriores, acabou no último lugar, depois de ter quebrado nos últimos 150 metros. Poderá ter pago o esforço dos dias de competição, mas teve uma magnifica presença nos seus primeiros mundiais. Parabéns. 

Final 400m (F)

Sem Shaunae Miller-Uibo (actual campeã do mundo) que não passou das qualificações, por se tratar da primeira grande competição desde o nascimento do seu filho em abril, a dominicana Marileidy Paulino passava a ser favorita e lidou muito bem com isso. Sempre em controlo da prova, nos últimos 100 metros não deixou dúvidas a ninguém, venceu o seu primeira título mundial da distância e estabeleceu um novo record nacional, com 48,76. A experiência na sua juventude (tem uma mãe solteira que educou os 6 filhos em condições complicadas) é a sua inspiração para procurar criar uma fundação para ajudar os órfãos, e continua a ser um sonho que carrega na sua mente. 
A polaca Natalia Kaczmarek, com uma excelente ponta final, e a atleta de Barbados Sana Williams, venceram as outras medalhas respectivamente.

Final 400m barreiras (M)

De regresso ao seu melhor nível depois do fracasso em Eugene 2022, esperava-se muito de Karsten Warholm. O norueguês voltou ao seu normal : dominou, controlou e foi ó único a baixar dos 47 segundos na final. Conquistou o seu quarto titulo de campeão do mundo. Aos 27 anos. Sem surpresas. 
Quem deu nas vistas foi o atleta das ilhas virgens (britânicas) Kyron McMaster. Voou nas meias finais e voltou a ter um grande desempenho na final, conseguindo a proeza de passar a frente do americano Rai Benjamin, o que não é coisa pouca. Um jovem de 26 anos a seguir. Por fim, depois do titulo mundial do ano passado, desta vez o brasileiro Alison dos Santos não teve gás na última recta e acabou em quinto.

Dia 6 (24/08/23)

Final 35 km marcha (F)

Muitas das atletas que competiram nos 20 km, estavam também presentes nos 35 km. Rapidamente um pequeno grupo de 7 atletas se destacou, entre elas, a espanhola Maria Perez, que venceu os 20 km e que é recordista da prova, e a peruana Kimberly Garcia-Leon (quarta nos 20 km), vencedora das duas distâncias nos mundiais de Eugene. Perez era imbatível nas 4 provas da sua carreira, nos 35 km. Aos 10 km, 5 atletas estavam na frente, juntando-se a chinesa Shijie Qieyang, a polaca Katarzyna Zdzieblo e a grega Antigoni Ntrismpioti. Mesmo cenário a passagem dos 15 km e até aos 20 km, altura em que Maria Perez atacou e começou a distanciar-se. Imparavel, passou a ter um avanço significativo sobre Garcia-Leon, que também se distanciou da concorrência. Perez, sempre com o mesmo ritmo frenético,  seguiu triunfante para a vitoria, com um avanço final de mais de 2 minutos sobre a peruana. A surpresa veio da Grecia, para o terceiro lugar do pódio, com Ntrismpioti a cerca de 2 minutos e meio de Leon. A já referida Qieyang desistiu e Zdzieblo foi desclassificada. 
A nossa veterana Inês Henriques, de 43 anos, campeã do mundo dos 50 km em Londres 2017, não acabou a prova.

Final 35 km marcha (M)

Tal como na prova feminina, muitos atletas também repetiram a presença dos 20 km. Destaque a partida para os medalhados de Eugene: o italiano Massimo Stano, o japonês Masatora Kawano e o sueco Perseus Karlstrom. Com um grupo numeroso de 15 atletas até ao km 14, o francês Aurelien Quinion fugiu do pelotão, chegou a ter mais de 30 segundos de vantagem até a passagem do km 27, mas depois começou a perder gás, e foi apanhado antes dos 30 km. Um esforço inglório que acabaria em desqualificação a 3 km da meta. Nesta fase, o recém campeão dos 20 km Alvaro Martin tomou conta da prova, seguido de perto pelo equatoriano Brian Pintado e do japoñes Kawano. Muita luta entre Martin e Pintado, até que o espanhol conseguiu um curto avanço, que lhe permitiria chegar em primeiro, com apenas 4 segundos sobre o equatoriano. Kawano fecharia o pódio a 24 segundos. O detentor do titulo Stano acabaria em sétimo e Karlstrom a seguir.
Incrivel dupla-dobradinha para a Espanha, com 4 medalhas de ouro na marcha. Fabuloso !!
O nosso veterano João Vieira, que também marcou presença nos 20 km, não foi feliz e também não acabou a prova.

Final salto em comprimento (M)

Durante muitos anos, nao aconteceu muito no salto em comprimento masculino. Desde os dias de Carl Lewis e Mike Powell, o único atleta que esteve perto da marca dos 9 metros foi o cubano Ivan Pedroso, e mesmo assim, com vento a favor. O que demonstra bem o nível dos atletas em questão, na época.
O campeão olímpico grego Miltiadis Tentoglou era quem estava na linha da frente para a conquista do ouro, mas a excelente marca de 8,54 do jamaicano Wayne Pinnock nas qualificações, deixava antever uma luta renhida pelo ouro, ainda com o campeão do mundo Wang Jianan, com 8,36 em Eugene. E a final correspondeu em absoluto, com um inicio tremendo : 8,50 para Tentoglou de entrada, 8,40 para Pinnock de seguida. Estava dado o mote. Percebeu-se nas primeiras rondas que o grego e a tripla jamaicana estava noutro nível. A segunda, Pinnock passou para a frente com igualmente 8,50. Tudo ao rubro.
Tajay Gale (lembram-se do titulo mundial em Doha 2019 com uma marca extraordinária de 8,69?) e Carey McLeod davam luta. 
O grego, que no ano passado, viu o título fugir-lhe das mãos quando o chinês Jianan passou a frente da prova no último salto, fez tudo para tentar voltar ao comando da prova. Na última tentativa, fez de novo um grande salto. Será que chegava ? Pouco depois, o ecrã do estadio anunciava… 8,52 !!! Mesmo com um optimo ultimo salto de Pinnock, não chegou. Tentoglou acabou por conseguir no ultimo suspiro da final o que perdeu o ano passado. Gale e McLeod acabaram com a mesma marca de 8,27, com o bronze a ser entregue ao primeiro. Uma grande equipa jamaicana !

Final martelo (F)

A polaca Anita Wlodarczyk, que vem dominando a modalidade há 13 anos, com 4 titulos de campeã do mundo e 3 títulos olímpicos, voltava aos grandes palcos. Não competiu nos últimos mundiais de Eugene porque contraiu uma lesão muscular, quando apanhou um ladrão que tinha entrado no carro dela… Mas não passou da marca de qualificação, tal como Brooke Andersen (campeã do mundo em Eugene com 78,62) : apontada como a principal favorita ao titulo, falhou por completo. O melhor que conseguiu foi uma marca muito modesta de 67,72 (acabou em 26ª, que surpresa). Em maio, passou a ser a terceira atleta da historia a chegar aos 80 metros, com 80,17. Um completo fracasso para quem ambicionava ser bi-campeã do mundo.
A canadiana Camryn Rogers, em boa forma (com 78,62 em maio em Los Angeles) era uma das candidatas. E o seu primeiro lançamento acabaria por resultar na conquista da medalha de ouro, com 77,22. Fez um concurso muito regular e mereceu o titulo. A americana Janee Kassanavoid, dos estados unidos (bronze em Eugene) fez 76,36 e venceu a prata, seguido da compatriota, campeã de Eugene DeAnna Price, que na ultima tentativa, chegou ao pódio, com 75,41
O Canada fez a dobradinha no lançamento do martelo, contra todas as expectativas, principalmente no que diz respeito a prova masculina, ganha pelo novato Ethan Katzberg.

Final 100m barreiras (F)

Uma das grandes surpresa dos mundiais. Nenhuma das favoritas chegou ao primeiro lugar. Quem surpreendeu tudo e todos foi a jamaicana Danielle Williams, de 30 anos, que voltou a conquistar o titulo mundial da distância 8 anos depois dos mundiais de Pequim 2015 !! Uma final disputada no limite até a meta. As marcas das 3 primeiras dizem tudo : 12,43 / 12,44 / 12,46 !!
A porto-riquenha Jasmine Camacho-Quinn, actual campeã olímpica, ganhou a prata a frente da americana Kendra Harrison, antiga recordista do mundo (12,20 em Londres 2016)
Tobi Amusan, actual campeã do mundo e detentora do record do mundo (12,12) em Eugene 2022, ficou-se pelo sexto lugar

Final 400m (M)

Steven Gardiner, das Bahamas, era o grande favorito mas o infortúnio bateu-lhe a porta na meia-final: quando ia muito bem, ao abordar a última curva, o actual campeão olímpico e do mundo em 2019, teve uma lesão muscular e ficou deitado na pista. Um pouco antes, na mesma corrida, o atleta do Botswana Bayapo Ndori, também abandonou pela mesma razão. Já com a ausência em Budapeste do campeão do mundo de Eugene Michael Norman, por lesão, abriam-se novas perspectivas para outros atletas.
E apareceu um miúdo de 21 anos para conquistar o titulo mundial : o jamaicano Antonio Watson (44,22) foi mais rápido nos últimos metros que o britânico Matthew Hudson-Smith (44,31), que parecia conseguir manter-se na frente até ao fim. 
Os americanos Quincy Hall (44,37) e Vernon Norwood (44,39) acabaram a seguir, com o bronze para Hall. O recordista do mundo Wayde Van Niekerk, repescado para a final, não teve força nos últimos 50 metros e acabou na ultima posição. Um sinal dos tempos para o sul africano, que podia ter feito uma grande carreira, se não fosse a grave lesão no joelho, contraída num jogo de râguebi com amigos, meses depois da glória dos jogos olímpicos do Rio de Janeiro 2016, onde conseguiu um dos maiores feitos da história do atletismo : bateu o “intocável” record de 43,18 do lendário Michael Jonhson (feito em 1999), com uma marca quase abaixo dos 43 segundos : 43,03 
O multi-medalhado Kirani James, de Granada, embora fora da possibilidade de conquistar uma (nova) medalha aos 30 anos, acabaria desqualificado por pisar a pista do lado.

Final 400m barreiras (F)

Não podíamos assistir a um grande duelo entre a conceituadíssima Sydney McLauglin-Levrone, por lesão, e a fabulosa holandesa Femke Bol, mas neste contexto, a questão seria : a que velocidade pode chegar Bol ? A medalhada de bronze de Eugene, atrás de McLaughlin e Dalilah Muhammad (eliminada nas meias finais) tinha tudo para conseguir uma grande marca, com a imagem que deixou nas meias finais. 
Em julho chegou pela primeira vez a barreira dos 51 segundos, com um record pessoal de 51,45 na diamond league de Londres. Sem surpresas e totalmente recuperada da queda na estafeta mista do primeiro dia, dominou a final como quis, e arrasou nos últimos 100 metros, com uma grande marca de 51,70. 
A americana Shanier Little venceu a prata com 52,80 enquanto a jamaicana Russell Clayton conquistou o bronze com 52,81. Foi necessário recorrer ao crono para verificar quem tinha ganho a prata.

Dia 7 (25/08/23)

Decathlon

Primeiro dia das provas do decatlo, com um dos favoritos Damian Warner, com a melhor marca nos 100 metros. Leo Neugebauer, da Alemanha, o melhor tanto no salto em comprimento (8,00 m) como no lançamento do peso (17,04 m), estava na frente ao fim das 3 provas da manhã. A má noticia do dia tinha a ver com a desistência do categorizado atleta francês Kevin Mayer (devido a uma lesão no tendão de aquiles do pé esquerdo) para não por em causa a sua presença nos jogos olímpicos de Paris do próximo ano.
No inicio do programa do fim da tarde, o salto em altura e por fim os 400 metros. Ao fim de 5 provas, o alemão está na liderança a frente dos canadianos Pierce Lepage (excelente no salto em altura e nos 400 metros) e Damian Warner.

Final triplo-salto (F)

Desde 2017 só uma atleta tem estado no topo do triplo salto: a venezuelana Yulimar Rojas. A rainha da disciplina esperava continuar o seu incrível reinado em Budapeste. Depois de conseguir ser a primeira mulher a ganhar 3 títulos mundiais, e de forma consecutiva, a saltadora de 27 anos tinha a possibilidade de estender o seu domínio. Se tiver sucesso, passaria a ter um quarto dos títulos mundiais, desde o seu inicio em 1993. Na sua carreira, tem um total de 44 saltos acima dos 15 metros. Impressionante. 
A final foi excelente, com grandes saltos de varias atletas, a começar pela jamaicana Shanieka Ricketts, com 14,84. A ucraniana Maryna Bekh-Romanchuk, teve um inicio poderoso, com 15 metros certos. 
Thea Lafond, da isla das Caraíbas Dominica, também esteve em grande plano, com um excelente concurso e uma melhor marca de 14,90, assim como as cubanas Leyanis Perez-Hernandez (muito perto da ucraniana com 14,98) e Liadgamis Povea também estiveram muito bem.
Quem não correspondeu em nada ao seu estatuto foi precisamente a campeonissima Rojas. Um salto nulo de entrada, seguidos de 2 saltos modestos, um deles a 14,33 deu lhe milagrosamente a possibilidade de avançar para os últimos 3 saltos, com um inacreditável oitavo lugar. Curiosamente apática, fez 2 outros saltos nulos aos 4º e 5º ensaio. Pressão total na última tentativa, tirou um coelho da cartola (como tem capacidade para fazer, mas nunca está nesta situação) resgatou o primeiro lugar e o seu (imerecido) quarto titulo mundial. Mereceu sempre ganhar todos os títulos, com um domínio sempre avassalador, mas ontem não merecia, sem qualquer dúvida. A concorrência bem apertou mas nada mudou. A ucraniana Bekh-Romanchuk esteve tão perto da merecida medalha de ouro, tal como a cubana Perez-Hernandez. 

Final dardo (F)

Emoção até ao último suspiro na final feminina do dardo. E estivemos muito perto de uma grande surpresa, com a colombiana Flor Ruiz-Hurtado na frente da prova desde o inicio (65,47). Com a campeã do mundo Kelsey-Lee Barber, da Austrália, longe do seu nível (a confirmar o sofrimento da qualificação), a letã Anete Kocina deu boa conta de si, tal como a austríaca Victoria Hudson. Mas na última ronda, tudo mudou. A australiana Mackenzie Little (segunda marca da qualificação) passou para segunda (63,38) no último lançamento, Kocina passou para terceira (63,18). Mas o melhor viria mesmo para o fim. A  japonesa Haruka Kitaguchi (talvez a maior favorita no inicio da final, depois de uma temporada muito consistente, com 4 dos melhores 8 lançamentos do ano) nesta altura em quarto, lançou 66,73 e sagrou-se campeã do mundo. Quem pagou por isso foi Kocina, que ficou num ápice fora das medalhas. 

Final 200m (F)

Depois da semidesilusão da prova dos 100 metros, Shericka Jackson procurava revalidar o titulo nos 200 metros. E como foi impressionante na meia final. Mas a belíssima americana Gabrielle Thomas voltou esta temporada em grande forma, depois de não conseguir passar nos “trials” norte americanos o ano passado. Com a sua melhor marca conseguido este ano e o tempo mais rápido da temporada (21,60, quarta mais rápida da história), a medalhada (bronze) dos jogos de Tóquio, estava preparada. Mas era também preciso manter a atenção sobre a atleta de Santa Lucia, Julien Alfred e a já consagrada nos 100 metros Sha’Carri Richardson. Mas Jackson arrasou por completo. Não deu quaisquer hipóteses ás suas adversárias e fez uma marca fabulosa de 21,41. Aproximou-se do record do mundo de Florence Griffith-Joyner (21,34) com a segunda melhor marca da historia e novo record dos mundiais. As americanas acabariam medalhadas com Thomas com a prata (21,81) e Richardson que juntou o bronze (21,92) ao ouro dos 100 metros.

Final 200m (M)

Na véspera da final, aconteceu um episódio surreal na aproximação das meias-finais : houve uma colisão entre os dois veículos que transportavam os atletas da primeira meia final. Um dos motoristas ficou ferido e o sprinter jamaicano Andrew Hudson caiu do veiculo com o impacto e  ficou com fragmentos de vidros no olho. Necessitou da assistência médica durante 20 minutos, a prova atrasou, mas o jamaicano, apesar de não estar nas melhores condições, decidiu competir (“trabalhei tanto para estar aqui, vou pelo menos tentar” afirmou) mas não se apurou para a final. A sua equipa apresentou um recurso que foi aceite, e Hudson foi reintegrado para a final. A organização abriu um inquérito, no sentido de melhorar o transporte dos atletas para o estádio.

Na final, Noah Lyles fez o que se esperava dele : foi o mais rápido e venceu o titulo com uns excelentes 19,52, ainda assim “longe” dos 19,31 de Eugene (terceira melhor marca de sempre). Lyles ambiciona chegar ao record do mundo de Bolt (19,19). O compatriota Erriyon Knighton (19,75) ganhou a prata e um dos atletas a seguir nos próximos anos, Letsile Tebogo, do Botswana, venceu o bronze com 19,81. Os três primeiros abaixo dos 20 segundos. Excelente final.
Dia 8 (26/08/23)

Maratona (F)

O ano passado em Eugene, a etíope Gotytom Gebreslase venceu a prova com a marca mais rápida da historia dos mundiais (2:18:11). Para voltar a conquistar o titulo, teria que conseguir um melhor resultado do que a única maratona que disputou esta época (10th lugar em Boston). Não teria a concorrência da dupla campeã do mundo dos 5000 metros Hellen Obiri, do Quenia, que iniciou o seu percurso na maratona somente em novembro do ano passado, com um brilhante sexto lugar na estreia, na mítica maratona de Nova Iorque. Em março 2023, Obiri venceu a meia maratona da mesma cidade, e venceu a maratona de Boston em Abril. Impressionante.
Como é habitual nestas disciplinas, o domínio africano era evidente. Com um grupo ainda muito compacto a meia da corrida, a prova começou realmente a mexer a partir dos 30 km. Quatro atletas da Etiopia atacaram. Uma delas, Tsehay Gemechu (segunda mais rápida do ano), abrandou, parecendo ter a chamada “dor de burro” e acabaria por desistir pouco depois. Inglório ao fim de mais de 30 km. A já referida Gebreslase, Amane Beriso Shankule (segunda na maratona de Boston) e ainda Yalemserf Yehualaw seguiam na frente, o que parecia indicar uma tripla vitoria da Etiopia. Mas ao rondar os 4 km finais, Yehualaw começou a quebrar, permitindo a recuperação da medalhada de Eugene Lonah Salpeter (Israel) e de Fatima Gardadi (Marrocos). Entretanto Shankule fugiu para a vitória, deixando Gebreselase em dificuldade, mas ainda assim com força suficiente para manter o segundo lugar. Numa magnifica corrida, Gardadi viria a conquistar o merecido bronze. Salpeter acabaria em quarta, e a muito desgastada Yehualaw em quinto.   

Final salto a vara (M)

“There can be only one” dizia a famosa frase do filme Highlander. O mesmo pode ser apontado a Armand Duplantis. Com apenas 23 anos e após ter conquistado “o mundo inteiro e mais alguns”, o que falta ao prodígio sueco ?? Para voltar a ganhar, basta ser ele mesmo. Se correr tudo bem, o interesse maior será… com que fasquia ? Uma final de excelente nível, que por exemplo, viu o francês Thibaut Collet (filho do antigo campeã da vara Philippe Collet) conseguir uns incríveis 5,90 e ficar sem medalha. O mais cotado a seguir a Duplantis, Chris Nielsen, passou por dificuldades inesperadas, mas acabaria no pódio, partilhando a medalha de bronze, com o surpreendente atleta sul-africano Kurtis Marshall, ambos com 5,95 (nota interessante, falhou o primeira fasquia a … 5,55..)
Uma final de grande categoria onde se viu a confirmação do enorme potential do filipino Ernest John Obiena, conquistando um novo record da Asia, com 6 metros. Brilhante. A seguir, voltamos a ver o costume : Duplantis a ser Duplantis. Passando 6,10 com uma enorme (e habitual) facilidade, tentou obviamente o record do mundo, com a fasquia colocada a 6,23. Desta vez não deu, como no passado em Eugene, mas é um verdadeiro fenómeno, que voltou a confirmar tudo o que já sabemos dele.
Notas finais para o americano Sam Kendricks, que não conseguiu chegar a Budapeste por não ter conseguido passar os exigentes trails norte-americanos. E para o antigo campeã olímpico Tiago Brás da Silva, suspenso por doping.

Final peso (F)

Um ano depois da conquista do titulo mundial em Eugene, a americana Chase Ealey chegava confiante, com a segunda melhor marca mundial do ano. A compatriota Maggie Ewen é a melhor do ano e prometia uma luta interessante, juntamente com a nossa Auriol Dongmo e chinesa Lijia Gong. Ealey dominou desde o inicio, com 20,35 que viria a melhorar com 20,43  e que lhe daria o titulo (prova muita regular com 4 lançamentos acima dos 20 metros). Sarah Mitton, do Canada, é que surpreendeu, conseguindo o seu máximo a quinta tentativa, 20,08. O equilíbrio não podia ser maior entre Dongmo e Gong, com a melhor marca de ambas de 19,69 apenas desempatado pelo concurso mais regular da chinesa. No entanto o ultimo lançamento de Dongmo cheirou o bronze : parecia ter chegado perto dos 20 metros, mas foi imediatamente anulado pelos juízes. Aparentemente, e embora praticamente invisivel nas imagens televisas, terá colocado o pé ligeiramente fora do círculo de lançamento. Frustrante. Mas estaremos a espera dela nos jogos olímpicos do próximo ano em Paris. 

Final 800m (M)

Era dificil nao apontar o favoritismo ao estupendo corredor canadiano Marco Arop. Começou a jogar basquete e o seu antigo treinador disse que não imaginava que seria tao bom. Actualmente estudante do estado do Mississippi, o jovem de 24 anos já tinha conquistado o bronze em Eugene. E como tinha sido brilhante na meia final… voltou a ser brilhante na final. Com um inicio atípico “a Borzakovskiy” (o antigo atleta russo começava sempre no fim do grupo para depois acelerar até o primeiro lugar, o que é muito difícil fazer numa prova tão curta), Arop puxou dos galões na última volta e venceu o ouro. Só o queniano Emmanuel Wanyonyi se aproximou, o que lhe deu a medalha de prata. Nota muito positivo para mais um medalhado do Reino Unido : Ben Pattison aguentou o forcing final do espanhol Adrian Ben e do argelino Slima Moula, para conseguir o terceiro lugar. O outro finalista argelino Djamel Sedjati (prata em Eugene) foi desqualificado.

Final 5000m (F)

Novo duelo esperado entre Faith Kipyegon e Sifan Hassan. E como se esperava, foi de grande nível. Quem pensava que Hassan não estaria recuperada da queda nos 10000 metros e do esforço das 5 provas anteriores, estava enganado. A holandesa fez uma grande corrida, só mesmo batida por Kipyegon. Apetece dizer que só mesmo a queniana podia vencer Hassan, com o extraordinário momento de forma que atravessa. Hassan fez tudo bem, puxou forte até a meta mas a queniana aguentou o duro ataque até ao fim. Brilhante. Por parte das duas. Compatriota de Kipyegon, Beatrice Chebet fechou o pódio muito perto. Um grande final, ao nível do que vimos durante toda a competição.
Nota final curiosa, com a jovem atleta da Letónia Agate Caune, que tinha conseguido o apuramento para a final, de uma forma louca ou corajosa, ou ambas !! Fugiu do pelotão ao fim de … 300 metros, com um ritmo forte. Queria conseguir um record pessoal e conseguiu (15,00,48). Sofreu muito com a recuperação das favoritas na parte final mas conseguiu acabar em quarto lugar. E só tem 19 anos. Infelizmente não entrou no lote das finalistas de sábado devido a uma lesão pélvica. 

Decathlon

Segundo e último dia das provas do sempre desgastante Decathlon. Na primeira disciplina do dia, a liderança mudou de dono. Os canadianos foram mais fortes nos 110 metros barreiras, com os 2 primeiros tempos. Lepage passou para a frente da liderança, que foi consolidada com o registo no lançamento do disco. Nesta prova o atleta de Granada Lindon Victor foi o melhor, e chegou provisoriamente ao pódio da geral. Quem acabou por cair foi Leo Neugebauer, leader no fim do primeiro dia. Dos candidatos ás medalhas, Lepage voltou a ser mais consistente no salto a vara, e aumentou o nº de pontos para os seus perseguidores. No dardo, na penúltima prova, Lindon Victor foi melhor e avançou de uma forma decisiva para a conquista da medalha de bronze. Com o primeiro titulo mundial, Lepage foi muito regular ao longo dos 2 dias. O canadiano de 27 anos, que começou o Decathlon aos 17 anos, confirmou as excelentes indicações dadas em Eugene, quando ganhou a prata. O multi-medalhado Damian Warner, ficou em segundo. Ele que nunca conquistou um titulo mundial ao ar livre (ganhou o titulo indoor o ano passado em Belgrado). Grande dia para o Canada, com a dobradinha alcançada. 
Nota final para os representantes da Estonia : três atletas no 10 primeiros, Tilga, Oiglane e Erm, respectivamente em quarto, sexto e nono. Excelente.  

Final 4x100m (M)

Com um fabuloso quarteto americano para a final (Coleman, Kerley, Carnes e Lyles), o único problema, que podia causar surpresas, era a sempre difícil transmissão do testemunho. E entre o segundo e terceiro (Kerley e Carnes), foi quase tudo por água abaixo. Conseguiram a passagem no limite, e depois Noah Lyles voou até a meta. Terceira medalha de ouro para o sprinter da Florida. Depois de uma excelente meia final, a equipa italiana (Rigali, Jacobs, Patta) voltou a demonstrar muito poderio na final, com um novo final explosivo de Filippo Tortu. Brilhante medalha de prata para os transalpinos. O quarteto jamaicano (composto por Blake, Seville, Forde e Watson) acabaria no pódio, com a equipa britânica muito próximo. 

Final 4x100m (F)

A equipa feminina dos Estados Unidos (Davis, Terry, Thomas e Richardson) seguiu as pisadas do quarteto masculino. Tambem com uma equipa remodelada para a final (no dia anterior algumas atletas estavam na final dos 200 metros e não podiam participar na estafeta), esperava-se um duelo explosivo contra a fortíssima equipa jamaicana (Morrison, Fraser-Pryce, Forbes e Jackson). Com passagem de testemunhos sem falhas, ainda faltava a cereja no topo do bolo: novo duelo, no último percurso, entre a experiente Shericka Jackson e a jovem rebelde Sha’Carri Richardson. O primeiro “round” foi para a americana nos 100 metros, o segundo “round” para a jamaicana nos 200 metros. Tudo ao rubro. A miúda foi mais rápida até a meta, muito focada, muito concentrada, e muito… veloz !! Acabou nos braços… da equipa masculina !! Belissima imagem.
A equipa britânica, composta por Philip, Lansiquot, Williams e Neita, venceu a última medalha.

Dia 9 (27/08/23)

Final maratona (M)

O ano passado em Eugene, o etíope Tamira Tola fez a marca mais rápida da história dos mundiais (2:05:36), o que quer dizer que estava na linha da frente quanto a discussão das medalhas porque tem feito uma excelente temporada. Para mais sem a presença do recordista do mundo e actual campeão olimpico Eliud Kipchoge. Só 3 atletas conseguiram repetir um titulo mundial da maratona : o espanhol Abel Anton (97+99), o marroquino Jaouad Gharib (03+05) e o queniano Abel Kirui (09+11). Mas a maratona é imprevisível. 
O momento insólito do inicio da corrida foi a saída para a frente do atleta da Mongólia Ser-Od Bat-Ochir. A fuga durou praticamente 10 km, e pouco depois, agarrou-se a coxa com uma possível lesão muscular, mas arrancou de novo e umas centenas de metros a frente parou de novo e desistiu. Golpe publicitário ?? Talvez…
Tal como na vertente feminina, a prova voltou a animar a passagem dos 30 km, quando se formou um grupo mais pequeno. 5 km mais a frente, o ugandês Victor Kiplangat e o etíope Leul Gebresilase mudaram de velocidade, e fugiram do grupo, de entre os quais o referido Tola. O problema é que Tola quebrou e o surpreendente atleta de Israel Maru Teferi recuperou e foi atrás do duo da frente. Kiplangat viria a vencer a prova, dando a segunda medalha de ouro ao Uganda nestes campeonatos (depois dos 10000 de Joshua Chepteguei). Em perda, Gebresilase viria a ser ultrapassado perto da meta por Teferi.
Uma prova muita dura devido ao calor e humidade, o que acabou por originar 25 desistências, entre os quais o favorito Tamira Tola.

Final salto em altura (F)

Ninguem duvidava das qualidades da bela ucraniana Yaroslava Mahuchikh nos últimos anos. Mais ainda não tinha chegado a um grande titulo ao ar livre (teve que fugir aos bombardeamentos da sua cidade natal Dnipro, e numa viagem de carro de 6 dias, chegou a Sérvia, onde foi campeã indoor em Belgrado o ano passado. Grande estofo). A miúda precoce de apenas 21 anos, já tinha conquistado a prata em Doha aos… 17 anos, bronze nos jogos de Toquio, e de novo prata em Eugene o ano passado. Andava perto. Desta vez, não lhe fugiu, com todo o mérito, sendo a única atleta a conseguir passar a sempre difícil fasquia dos 2 metros (2,01). Com se viu nas últimas grandes competições, as atletas australianas Eleanor Patterson, campeã em Eugene e Nicola Olyslagers, prata em Toquio, lutaram até ao fim e conquistaram as outras medalhas. Nota final para a Servia, com uma muito jovem finalista de 18 anos, Angelina Topic, que tem um futuro prometedor pela frente (acabou em sétima com 1,94) : a mãe é detentora do record do triplo salto na Sérvia, enquanto o pai é detentor do record do salto em altura e ex-campeã europeu em 1990. Que família !!

Final dardo (M)

Olhos postos na recente sensação do dardo Neeraj Chopra. Desde o seu título olímpico, houve uma aposta e investimento por parte do governo indiano que está a dar os seus frutos : 3 atletas indianos na final. Impressionante. Chopra, tal como na qualificação, lançou acima de 88 metros no primeiro lançamento (88,17) e não mais largou a primeira posição, apesar da excelente resposta do paquistanês Arshad Nadeem, com uma grande marca (87,82). Jakub Vadlejch representa uma das melhores escolas da disciplina, a República Checa, do eterno recordista Jan Zelezny (lembram-se da marca ?? 98,48 em 1996..) Confirmou que é um dos melhores do mundo, conseguindo o seu máximo de 86,67. Dos 12 finalistas, a India colocou o seu trio nos seis primeiros. Kishore Jena fez 84,77 enquanto D.P. Manu fez 84,14. Absolutamente brilhante.

Final 5000m (M)

Jakob Ingebrigtsen tinha muito para se redimir, depois de duas derrotas nos 1500 m em dois mundiais consecutivos. O até então intocável corredor norueguês tinha uma concorrência forte pela frente, mas não deixava de ser favorito, até porque o extraordinário recordista do mundo Joshua Chepteguei não entrou na competição. E teve que ir até ao limite para evitar uma nova frustração. Um ataque feroz do espanhol Mohamed Katir quase dava mais uma medalha a Espanha, mas faltou alguns metros. Ingebrigtsen passou quase em cima da meta. O jovem queniano de 22 anos Jakob Krop venceu uma nova medalha, depois da prata de Eugene. Nota final muito positiva para Luis Grijalva, de Guatemala. Um atleta que tem vindo a surpreender nos últimos anos, num pais que não tem tradição. Acabou numa honrosa e muitas vezes frustrante quarta posição. 

Final 800m (F)

Quem fazia frente a miúda sensação dos últimos anos Athing Mu, de apenas 21 anos ? A campeã olímpica e do mundo, de origem sudanesa, nascida em Nova Jersey, só competiu uma vez nos 800 metros esta época, o que podia ser um problema. A britânica Keely Hodgkinson, estudante de criminologia, também com 21 anos, tem sido brilhante este ano. No entanto quem acabou por atacar primeiro foi a queniana Mary Moraa, impressionante nas meias finais, que ainda mudou de velocidade nos últimos 100 metros, com um sprint final que não permitiu ultrapassagens “de última hora” ás concorrentes. Hodgkinson ainda agarrou a prata, deixando Mu com o bronze.

Final 3000m obstáculos (F)

Um pódio que podia ter sido todo do Quenia, se a vencedora não representasse o Bahrein de há uns anos a esta parte. No entanto Beatrice Chepkoech bem fez pela vida para ganhar. Marcou o ritmo desde o inicio, foi aumentando a velocidade e começou a deixar para trás quase toda a concorrência. Quase. Porque, a única atleta abaixo dos 9 minutos esta época, não conseguiu fugir de Winfred Yavi. A atleta que representa o Bahrein desde os 15 anos, contra-atacou na altura certa e acabou com a melhor marca mundial do ano, 4 segundos e meio a frente da queniana. Excelente vitória da jovem de 23 anos. Faith Cherotich fecharia o pódio.

Final 4x400 (M)

Dominio absoluto do quarteto norte americano (Hall, Norwood, Robinson e Benjamin), uma vitória que nunca esteve em causa. A surpresa foi a equipa francesa que conquistou a prata, com uma excelente prova. O Reino Unido acabaria por chegar a frente da Jamaica, na luta pelo bronze.

Final 4x400m (F)

Depois da desqualificação da equipa feminina americana (Alexis Holmes pisou o lado de fora da pista na transmissão do testemunho) nas meias finais, quem iria ser mais forte e vencer o ouro ? 
Tudo levava a crer que seria a equipa da Jamaica. Na última volta, e com um avanço ainda considerável sobre Nicole Yeargin, do Reino Unido, a seguir a última curva, Stacey Ann Williams tinha tudo para chegar a meta na frente. O problema é que apareceu um foguete da Holanda chamada Femke Bol. Com um final que vai ficar definitivamente para a história, a simpática velocista deu um merecido titulo a sua equipa. E que destino depois do que aconteceu no inicio dos mundiais, com a queda da atleta na estafeta mista, tao perto da meta. Que sensacional corredora. E como foi bonito vê-la celebrar com os suas colegas.
Pode-se dizer que, nestes excelentes campeonatos do mundo, o melhor estava guardado para o fim.

Mais um grande evento de Atletismo empolgante que seguimos.

Reportagem dia a dia e prova a prova, curiosidades e destaques por Franck Carreira para Allinrace